quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Gravação do Som – Tipos de Suportes Sonoros - Post 2

CILINDRO DE CERA: O PRIMEIRO FORMATO DO SOM

O cilindro como suporte de gravação foi a herança do vibroscópio e do fonoautógrafo que também registravam em um cilindro, apesar de fazê-lo apenas graficamente. Edison, aproveitando a idéia, concebeu o registro em folha de estanho, utilizando um cilindro que possuía um eixo helicoidal que, por agir como parafuso, fazia o cilindro se deslocar de um lado para outro, formando a espiral do sulco. Contudo, o estanho se mostrou frágil demais, não resistindo ao uso prolongado.

A gravação era vertical, ou seja, a agulha impressionava o estanho de cima para baixo (e não de um lado para outro, como veremos a seguir na gravação de Berliner). Em substituição ao estanho, uma série de materiais foi experimentada, até se chegar a uma mistura de ceras que se mostrou suficientemente resistente: o amberol. Começava aí a história da comercialização do som.

O fonógrafo de Edison foi industrializado. Além da North American Phonograph Co. (Edison Phonograph Works) controlada pelo próprio Edison a partir de 1890, surgiram várias outras e a máquina falante disseminou uma febre de consumo. Da impulsão manual (por manivela), o fonógrafo passou a ser comercializado com motor elétrico, motor a corda e até mesmo por um mecanismo impulsionado por água (funcionava ligando-se o fonógrafo a uma torneira).

Os cilindros podiam ser comprados virgens ou gravados. Algumas máquinas eram dotadas de um raspador e os cilindros podiam ser gravados e desgravados várias vezes (como fitas magnéticas).
Existiram fonógrafos de exibição pública, para aqueles que não tinham recursos para adquirir o seu. Surgiram máquinas que tocavam vários cilindros a escolher, acionadas por moedas (que deram origem aos "juke boxes").

Ainda no século XIX vamos encontrar alguns filmes feitos por Edison, sonorizados pelo seu fonógrafo.

Apesar de seu aspecto inicial de brinquedo, o fonógrafo passou a ter aplicações mais importantes. Já no século XIX o fonógrafo era utilizado para o ensino de línguas. Com a sofisticação do mercado, pela gravação comercial de músicas e o próprio ensino de idiomas, as primeiras gravadoras esbarraram num sério problema: o cilindro impossibilitava a moldagem por meio de matrizes.

O sucesso comercial, a facilidade de gravar e a praticidade fizeram muitos pesquisadores da época buscar uma solução sem, contudo, abandonar o cilindro. Tentou-se a moldagem em formas, a pantografia, mas a única solução que se mostrou viável para se obter várias cópias de uma mesma gravação foi ligar vários fonógrafos a uma mesma corneta de gravação.
Edison, Graham Bell e seu primo Chichester, entre outros, começaram a pesquisar a gravação em disco.

A resposta definitiva somente seria dada pelo alemão Emile Berliner, inventor do gramofone.
Enquanto isso, o fonógrafo continuava em seu sucesso comercial, levando um pintor de nome Francis Barraud, que freqüentemente exibia suas obras na Academia Real de Londres, a pintar Nipper, seu fox terrier, ouvindo um fonógrafo de Edison. Ao quadro deu o nome de "His Master's Voice" (a voz do dono). Barraud pensou em vender a idéia à empresa de Edison, mas não houve por parte desta o mínimo interesse pela pintura. Barraud resolveu substituir a máquina de Edison pelo gramofone de Berliner na pintura. A idéia foi aceita imediatamente, passando a ser a marca registrada da Victor Talking Machine Co. (fabricante de gramofones e discos), desde 10 de julho de 1900.

(mantido os créditos do Post 1)